Introdução
Os responsáveis pelo tráfico negreiro trouxeram para o Brasil cerca de 4 milhões de africanos durante mais de três séculos de escravidão. Devido, grande parte, a essa migração era compulsória, o Brasil tem atualmente uma das maiores populações de afrodescendentes do mundo.
Como se desenvolveu o tráfico negreiro? Quem eram esses africanos arrancados de suas sociedades? Quais foram suas estratégias de resistência à escravidão?

Mercado da Rua do Valongo, aquarela sobre papel de Jean-Baptiste Debret (1816 - 1828).
Treinando o olhar
1.
Observando a imagem acima, é possível distinguir dois grupos de pessoas.
Quem são eles e qual o papel de cada um na sociedade do Brasil colonial?
R:___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
2.
Em sua opinião, que características do período representado podem ser
observadas nesta imagem?
R:__________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
Tráfico Negreiro: O comércio de Vidas humanas.
A escravidão é uma prática bastante antiga e diversificada em suas formas e povos que a adotaram. Já vimos, por exemplo, que mesopotâmicos, gregos romanos, astecas e incas - entre muitos povos - costumavam transformar em escravos os adversários derrotados em conflitos armados.
No caso do comércio escravista de africanos, sabe-se que os árabe, muitos antes dos europeus, já adquiriam no centro-sul da África para negociá-los na região do Mediterrâneo oriental. Entre os fatores que favoreciam esse comércio, podemos citar os conflitos entre povos dessa região-certos grupos africanos costumavam prender seus rivais para depois vendê-los como escravos aos comerciantes estrangeiros. Há estimativas de que, no período 650 a 1600, tenha sido levada para o mundo islâmico do norte da África cerca de 4.820,000 escravos.¹
Os portugueses foram, porém os primeiros a realizar o comércio de escravos africanos através do Atlântico - seguidos por holandeses, ingleses e franceses. Isso foi possível depois de os portugueses terem dominado muitas regiões no litoral da África (onde fundaram feitorias ao longo dos séculos XV e XVI) e estabelecido alianças com comerciantes e soberanos locais.
Os portugueses foram, porém os primeiros a realizar o comércio de escravos africanos através do Atlântico - seguidos por holandeses, ingleses e franceses. Isso foi possível depois de os portugueses terem dominado muitas regiões no litoral da África (onde fundaram feitorias ao longo dos séculos XV e XVI) e estabelecido alianças com comerciantes e soberanos locais.
O tráfico negreiro realizado pelos europeus a partir do século XVI uniu interesses dos grupos escravistas em três continentes: África, Europa e América. formando um comércio triangula, os navios europeus levavam mercadorias da colônia e da metrópole para a costa africana (como por exemplo, tecidos, aguardente, tabaco e armas), que eram vendidos para os colonos americanos, que necessitavam de mão de obra para lavouras ou minas.

Números do comércio de escravos
Devido ao tráfico negreiro, milhões de africanos acabaram desterrados, arrancados da África e escravizados. Segundo o historiador Patrick Manning, além do tráfico, outras condições (epidemias, secas, fome) dificultaram o crescimento da população africana até o século XX, pois o número dos que nasciam era praticamente igual à soma dos que morriam e dos que eram vendidos como escravos para fora do continente.²
As estimativas sobre o total de escravos trazidos para América, especialmente para o Brasil, variam muito. O número exato provavelmente jamais será conhecido. Para todo o continente americano, calcula-se que tinham vindo entre 10 e 20 milhões de escravos, entre os séculos XVI e XIX.
Os estragos do tráfico foram, porém, incomensuravelmente mais dramáticos do que essas estimativas. Basta lembrar que o preço de cada escravo vendido em terra do Islame ou desembarcado nas Américas era o de vários seres humanos, que morriam nos ataques armados, nas caminhadas do interior para o Sael e para a costa, na espera junto aos caravançarás e aos portos e na viagem através do Saara, do mar Vermelho, do Índico e do Atlântico. O comércio negreiro desorganizou muitas sociedades africanas, afetou-lhes a produção, corrompeu lealdades, tradições e princípios, partiu linhagens e famílias, disseminou continente afora a insegurança e o medo.³
O tráfico negreiro no Brasil
Em relação a nosso país, as estimativas elaboradas pelo historiador Herbert Klein apontam o desembarque de cerca de 4 milhões de africanos, entre 1531 e 1855. Observe a tabela.
Organizando
Com base na tabela acima e nas informações sobre o comércio de escravo no Brasil, responda:
a) Em que período houve o maior crescimento, em números absolutos?
___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
b) Por que isso aconteceu?
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No século XVI, o primeiro da colonização, o número de africanos trazidos para o Brasil foi menor que nos séculos subseqüentes, pois as atividades econômicas ainda eram relativamente reduzidas e grandes parte da mão de obra nelas utilizadas e grande parte da mão de obra nelas utilizadas era indígenas. As primeiras capitanias do Brasil que receberam escravos africanos foram Bahia e Pernambuco, locais onde a produção de açúcar mais prosperou.
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As estimativas sobre o total de escravos trazidos para América, especialmente para o Brasil, variam muito. O número exato provavelmente jamais será conhecido. Para todo o continente americano, calcula-se que tinham vindo entre 10 e 20 milhões de escravos, entre os séculos XVI e XIX.
Os estragos do tráfico foram, porém, incomensuravelmente mais dramáticos do que essas estimativas. Basta lembrar que o preço de cada escravo vendido em terra do Islame ou desembarcado nas Américas era o de vários seres humanos, que morriam nos ataques armados, nas caminhadas do interior para o Sael e para a costa, na espera junto aos caravançarás e aos portos e na viagem através do Saara, do mar Vermelho, do Índico e do Atlântico. O comércio negreiro desorganizou muitas sociedades africanas, afetou-lhes a produção, corrompeu lealdades, tradições e princípios, partiu linhagens e famílias, disseminou continente afora a insegurança e o medo.³
Glossário
|
Caravançará:
local de abrigo dos caravaneiros.
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O tráfico negreiro no Brasil
Em relação a nosso país, as estimativas elaboradas pelo historiador Herbert Klein apontam o desembarque de cerca de 4 milhões de africanos, entre 1531 e 1855. Observe a tabela.
Estimativas de
desembarque de africanos no Brasil (1531-1855)
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Período
|
Número
de Escravo
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1531-1600
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50.000
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1601-1700
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560.000
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1701-1800
|
1.680,100
|
1801-1855
|
1.719,300
|
Total
|
4.009,400
|
Fonte: Organizada a partir de tabelas elaboradas por Klein, Herbert. Tráfico de escravos. In: Estatísticas históricas do Brasil. Rio de Janeiro, IBGE, 1987.
Organizando
Com base na tabela acima e nas informações sobre o comércio de escravo no Brasil, responda:
a) Em que período houve o maior crescimento, em números absolutos?
___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
b) Por que isso aconteceu?
__________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
No século XVI, o primeiro da colonização, o número de africanos trazidos para o Brasil foi menor que nos séculos subseqüentes, pois as atividades econômicas ainda eram relativamente reduzidas e grandes parte da mão de obra nelas utilizadas e grande parte da mão de obra nelas utilizadas era indígenas. As primeiras capitanias do Brasil que receberam escravos africanos foram Bahia e Pernambuco, locais onde a produção de açúcar mais prosperou.
No século XVII, a retomada pelos europeus do
controle da comercialização de açúcar e dos territórios que estavam sob domínio
dos holandeses levou ao aumento da importação de escravos africanos. Ao longo
desse século, o tráfico de escravo chegou a ser mais lucrativo para a metrópole
portuguesa do que o negócio do açúcar.
No século XVIII, a economia passou por um
processo de diversificação, e foram descobertas jazidas de ouro no interior, o
que fez crescer a necessidade de mão de obra.
O tráfico negreiro foi legalmente extinto no
Brasil em 1850, mas continuou como contrabando até 1855. Nesse século, a importação
de escravos africanos foi ainda mais intensa do que nos séculos anteriores e
destinava-se abastecer principalmente a lavoura de café, que se expandia pelo
sudeste do país.
O comércio de seres humanos
O texto a
seguir, do historiador africano Joseph Ki-Zerbo, trata do impacto do tráfico
negreiro na África.
No século
XVI, começou a invasão vinda do exterior: uma grande intromissão, com as "grandes descobertas" da África ao sul do Saara e da América Latina. Essas descobertas implicam (...) o tráfico dos negros. Depois do genocídio
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¹ Cf. SILVA, Alberto da Costa. A enxada e a lança: a África antes dos portugueses. Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 2006. p.671.
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² Cf. MANNING, Patrick. Escravidão e mudança social na África. In: Novos Estudos Cebrap. São Paulo, n. 21, jul. 1988. p. 8 - 29.
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³ SILVA, Alberto da Costa. op. cit., p. 55.